Toda cidade tem seus cafés conversados, aqueles em que o café é o motivo para um bom papo; ou uma há conversa que precisa de um lugar para acontecer.
O cronista Paulo Mendes Campos (1922-91) dizia que muitos relacionamentos terminavam em “cafés engordurados”, daqueles tradicionais, que em cidades mais antigas chegam a ser centenários.
Leia também:
- Tipos de torra de café: o que você precisa saber
- Cafés coados: diferenças entre métodos de extração
- Atenção à acidez do café pode ser uma experiência interessante
- Sabor do café e ciência: entenda essa relação
O escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015) frequentou por vinte anos o mesmo lugar em Montevidéu, o Café Brasilero, fundado em 1877. Ele sentava em uma mesa próxima à janela e dali fazia a observação social que depois seria explorada em seus textos, alguns redigidos ali mesmo, na companhia de uma xícara de café com leite e duas medialunas (croissant).
Galeano costumava dizer: “Devo tudo aos cafés de Montevidéu, porque não tive educação formal(…). Neles aprendi a arte de viver e de narrar”. Além da literatura e dos cafés, ele era apaixonado futebol. Na época da Copa do Mundo, afixava uma plaquinha em frente sua casa, escrita de próprio punho: “Cerrado por Fútbol”. Era um aviso para não ser importunado por transeuntes enquanto assistia aos jogos.
Recentemente, adquiri um livro póstumo em espanhol que reúne as crônicas acerca do esporte escritas pelo autor e espalhadas ao longo de sua obra, traduzido no Brasil pela L&PM com o título “Fechado por motivo de futebol”, preço sugerido de R$ 39,90.
Marquei minhas férias para as próximas semanas. Pretendo assistir aos jogos, colocar a leitura em dia e tomar bons cafés.
Você vai gostar de ler:
- Um ano, @Umcafezinho
- Atendimento ao cliente
- A escrita e a gastronomia
- Gordinhos assumidos
- Combustíveis
- Telefone fixo
Marcelo Lamas é cronista. Autor de “Indesmentíveis”.
@marcelolamasbr
marcelolamasbr@gmail.com
Foto: Depositphotos